Ideal Peres, Renato Ramos e Pedro Kroupa no Círculo de Estudos Libertários (CEL atual CELIP) nos anos 1980
Morreu aos 61 anos uma das figuras mais emblemáticas do processo de reconstrução do anarquismo no Rio de Janeiro nas últimas duas décadas do século passado. Faleceu nesse domingo, aos 61 anos, o companheiro Pedro Kroupa, vítima de um infarto.
Paulistano do bairro do Ipiranga, Pedro nasceu em 16 de agosto de 1956 e cresceu em meio a trabalhadores e trabalhadoras das várias colônias de imigrantes que chegaram a capital paulista no século XX.
Companheiro Pedro Kroupa em janeiro de 2018
Aos 16 anos alistou-se na Marinha e de lá só saiu aos 22 anos, “convidado a se retirar” após ter esmurrado um oficial. Veio para o Rio de Janeiro na primeira metade dos anos 1980 e aqui integrou a lendária Brigada Metálica de Realengo, da Zona Oeste Carioca.
No final de 1987, em uma manifestação na Cinelândia alusiva ao acidente nuclear de Goiânia, Pedrão conheceu os integrantes do Grupo Anarquista José Oiticica (GAJO) e pouco depois foi convidado a ingressar. Passou a participar ativamente das reuniões semanais do Círculo de Estudos Libertários (CEL) e, em maio de 1991, foi um dos quatro fundadores do informativo Libera…Amore Mio. Também participou, entre 1988 e 1991, dos quatro primeiros números da revista Utopia. Teve papel decisivo na organização de diversos eventos anarquistas promovidos pelo CEL, além de ter participado de congressos estudantis levando as propostas libertárias.
Até 1993, Pedrão participou ativamente de todas as atividades e iniciativas libertárias por aqui realizadas. Devido ao seu ofício de iluminador de espetáculos, pelo qual era um dos profissionais mais respeitados da cidade, aos poucos se afastou da militância cotidiana, mas jamais se afastou do Ideal Anarquista.
Em 2008 sofreu um grande baque com a morte de sua companheira Florine e, a partir daí problemas de saúde relacionados à visão e à diabetes foram se agravando.
A Federação Anarquista do Rio de Janeiro expressa sua dor pela perda de companheiro tão valioso e deixa todo carinho e solidariedade a Dona Conceição, sua mãe; João (filho); Priscila (filha); Tânia (enteada); Isabel, Helena e Miguel (net@s); nora e genros, e demais familiares, amigos e companheiros/as de luta.
O sepultamento do companheiro Pedro Kroupa ocorrerá amanhã, terça-feira (26/06/2018), às 10:00h no cemitério São João Batista (Botafogo), com saída do féretro do portão principal na Rua General Polidoro.
FARJ 
nomenao
25/06/2018
acabei de saber da morte do pedrao. grande companheiro. referencia pra
mim no começo da minha caminhada por esse movimento. eu era so um
moleque, quando o conheci.tinhamos um gremio autogestionario na nossa
escola (o senador correia, na praça sao salvador, em 1988). descobrimos
que aquela revista anarquista que gostavamos de ler, Utopia, era feita
nas reunioes do circulo de estudos libertarios, que se reunia cada terça
feira as 20h numa sala alugada. coincidencias da vida, a sala que eles
alugavam era onde eu tinha aulas cada manha. lembro que chegamos la,
tres moleques de 12/13 anos de idade, com os skates embaixo do braço
(nos sentindo em casa, ja que era a nossa escola), batemos na porta e
perguntamos ” voces sao os anarquistas que alugam uma sala aqui?”; nos
responderam “somos, e voces quem sao?”; “nós somos do gremio
autogestionario eremias delizoikov, aqui dessa escola, viemos conhecer
voces.” a partir dai viramos amigos e companheiros. la estavam o ideal
peres, sua companheira ester, e tambem o pedrao. que pra mim virou
rapidamente uma referencia. me lembro das nossas conversas sobre
anarquismo e tambem sobre punk. nunca vou esquecer da vez que ele me
apresentou a sua coleçao de discos. naquela epoca era dificil conseguir
escutar punk. nao existia internet. nao se editavam os discos no brasil.
foi ele quem gravou pra mim os primeiros discos dos sex pistols,
ramones, gbh e dead kennedys. ja sei que poderiamos discutir horas sobre
a importancia (ou nao) desses discos pro movimento anarquista. e era
otimo discutir isso com ele. o pedrao nao era um teorico, nao era um
quadro. era so alguem que tava tentando lutar contra toda aquela merda
de sociedade, com posturas bem radicais, num momento em que o movimento
anarquista tava so começando a voltar a engatinhar. ele foi fundamental
pros nossos primeiros passos pos-ditadura. depois disso ele acabou se
afastando do movimento. mas voltamos a nos encontrar varias vezes. as
ultimas com ele trabalhando de iluminador em shows de rock. nunca
perdemos a proximidade, nem o carinho. deixo voces com uma reportagem,
feita em 1989. as pixacoes sao feitas pelo pedrao.
amigo, voce faz parte da minha historia. voce ta aqui. presente.
viva pedro kroupa!
https://vimeo.com/276995237
Amadeu
25/06/2018
Dói meu coração e estou muito triste com o falecimento do nosso grande amigo. Minhas condolências aos familiares e amigos.Forte abraço. Amadeu
jorge roberto
26/06/2018
Poxa vida, não sei nem o que falar, fiquei muito triste com esta notícia, pois esse aí foi um grande guerreiro, a primeira vez que tive contato com ele foi no Circo Voador no final dos anos 80 em um show de Heavy Metal foi ele que chegou até nos a minha pessoa, conversamos conversamos muito, depois de um tempo, este lutador me deu a maior força, um grande apoio no meu fanzine, tirando todas as copias! Só tenho boas recordações deste lutador, um grande ser, um grande anarquista, um grande amigo! Valeu Pedro Kroupa, obrigado por tudo! Muito triste! !!!!!
jorge roberto
26/06/2018
Lembrando os amigos que eu sou de Realengo e na época fazia parte lendária BRIGADA METÁLICA DE REALENGO e só tenho a agradecer pela imensa força que está grande amigo nos deu, deixa Saudades!
jorge roberto
26/06/2018
Neste exato momento 10:15 hs está acontecendo o funeral do nosso amigo de luta, não deu para eu ir, Moro em Realengo e soube hoje, mais deixo aqui em nome da BRIGADA METÁLICA DE REALENGO toda nossa homenagem! Vai em paz meu amigo!
Jorge Roberto Oliveira Machado
26/06/2018
Hoje está sendo um dia muito triste, se foi um lutador, guerreiro e amigo. No final dos anos 80 ele deu um grande apoio, tirando as copias xerox do Zinedine que eu editava, em nome da BRIGADA METÁLICA DE REALENGO, aqui na Zona Oeste do Rio, deixo a simples homenagem ao anarquista de coração, obrigado grande amigo que nos ensinou muito! Vai em PAZ!