Manifesto em Apoio aos Insurgentes Gregos – Não matem nossa juventude!

Manifesto em Apoio aos Insurgentes Gregos – Não matem nossa juventude!

Após o assassinato covarde do jovem Alexis Grigoropoulos pela polícia grega, a Grécia queimou. Milhares de jovens e manifestantes durante vários dias consecutivos saem às ruas para enfrentar os defensores da ordem social capitalista em praticamente todas as grandes cidades gregas. Ordem que condena não só milhões de seres humanos à miséria, mas que até mesmo ameaça a própria existência da biosfera terrestre.

Para demonstrarem sua indignação e sua força revolucionária, os ativistas destroem bancos, queimam prédios de multinacionais e símbolos do consumo; atacam os policiais que tentam os reprimir, se autodefendem e ocupam universidades e até mesmo bairros inteiros. Sua radicalidade mesclada com a indignação das novas e péssimas condições de vida do povo grego (causadas pela entrada do estado grego na União Européia), produz sobre a égide da ação direta uma resistência autêntica e revolucionária. O povo grego não espera os “meteorologistas” da revolução analisarem as condições objetivas; se avaliam a correlação de forças, o fazem no processo da luta e coletivamente criam eles próprios novas condições objetivas para o avançar de suas reivindicações e o alargar de seu horizonte.

Assembléias populares surgem, coletivos se organizam, a insurreição torna-se cotidiana.

Os argumentos dos detratores, sejam de direita ou de esquerda, não resistem às primeiras impressões. Para os primeiros, a destruição de propriedade privada é certamente mais perturbadora do que o assassinato cotidiano promovido pelo genocídio de mercado: para alguns as vidraças e os saguões de bancos são mais importantes do que os seres humanos.

Para a esquerda “responsável” e madura – vide a atuação do Partido Comunista Grego – os manifestantes estão sendo manipulados por “provocadores internacionais” ou são meros estudantes “irresponsáveis”; é esta mesma esquerda madura, que na Grécia, e em diversas partes do mundo tenta controlar, ou quando não conseguem, desarticular o movimento: é difícil para as organizações autoritárias assumirem que algum dia o povo possa retomar o controle de suas vidas, mesmo que isso fuja dos planos dos partidos políticos, antro dos “peritos” e profetas falhados da revolução.

A revolta na Grécia possui amplo apoio popular. Nenhuma insurreição por mais legitimidade que pudesse alcançar sobreviveria tantos dias se assim não o fosse. A participação de grande número de estudantes é visível, mas pelos relatos dos diversos coletivos e individualidades envolvidas, a rebelião se configura como um amplo movimento de cólera social que engloba distintos setores populares, idades e movimentos, vide a greve geral ocorrida mesmo sob a política de colaboração de classes de campos pára-governistas e os recentes comunicados de grupos de trabalhadores solidários e envolvidos com toda a situação.

Dentro deste contexto é visível a ampla participação dos anarquistas gregos em todos os eventos; se a revolta não se configura somente como uma revolta que abrange apenas grupos anarquistas, a participação destes é notória e concreta em diversos espaços, bairros e na mentalidade de vários manifestantes, já que o trabalho dos anarquistas gregos ocorre com freqüência há anos. O anarquismo está presente nas ruas gregas, sob o princípio de ação direta, de horizontalidade e de prática política dos manifestantes; os anarquistas estão junto com o movimento, não o dirigindo, mas construindo ombro a ombro a luta revolucionária, enfrentando a polícia e o capital.

Assim como na Grécia o estado aqui também executa nossos jovens. No Brasil, a execução destes não é uma lamentável exceção, mas uma regra. É uma política de extermínio, se não oficializada, mas obviamente instituída pelos poderes públicos e que atinge prioritáriamente os espaços ocupados pela classe trabalhadora (favelas, comunidades, periferias).

A mesma lógica opressora e militarista que mata os jovens no Brasil, na Grécia e em outras partes do mundo prossegue seu massacre; para nossa mais completa indignação, assistimos agora (dezembro de 2008) os recentes acontecimentos na Palestina, onde mais uma geração de jovens é assassinada e trancafiada na Faixa de Gaza pelo exército sionista.

O que os insurgentes gregos podem nos trazer de experiência e que alguns setores ignoram é que não pode haver trégua e conciliação com a classe dominante e nem com seus instrumentos históricos de opressão (forças policiais), para isso devemos nos organizar cada vez mais para resistir a qualquer tentativa de repressão e criminalização, seja aos movimentos sociais ou às comunidades. A polícia na Grécia, no Brasil e em outras partes do mundo, conserva a mesma função: é um instrumento das elites, construído historicamente para manter pela força a ordem capitalista – nada esperemos desta se não violência e assassinato, toda colaboração com os terroristas de estado deve ser denunciada, seja integrando supostas centrais sindicais das quais estes participem ou isentando-os de responsabilidades individuais e coletivas pelos seus genocídios planejados!

A melhor forma de ajudarmos os anarquistas gregos é tocarmos nossas próprias lutas e construirmos organizações populares autônomas, que possam num horizonte mais próximo possível destruir a autoridade e o capitalismo, substituindo toda instituição vertical da sociedade pela autogestão generalizada.

É o nosso desejo de que o horizonte diante da utopia, como prova a história, curvar-se-á frente à criação revolucionária, e neste dia, não matarão mais nossa juventude nem nossos sonhos.

Todo apoio à insurreição na Grécia! Todo apoio aos anarquistas gregos!

Be the first to start a conversation

Deixar um Comentário