A Federação Anarquista do Rio de Janeiro (FARJ) manifesta seu apoio e solidariedade à luta das servidoras e servidores da educação em greve do estado do Rio de Janeiro. Toda força à ocupação na Secretaria de Fazenda, que se iniciou na tarde do dia 14 de abril, reunindo mais de cem pessoas entre servidores e aposentados, e que sofreu tentativa de despejo e repressão pela polícia militar de Pezão/Dorneles (PMDB). Mas resistem ao terrorismo deste governo estadual e permanecerão até que aposentados e pensionistas sejam pagos.
Uma greve mais do que justa, diante da criminosa política operada pelo governo do estado, de cortes e sucateamento dos serviços públicos essenciais como educação e saúde. Pezão dá continuidade há décadas de governos estaduais que fazem o povo sangrar e agora não tem pudor em atacar e roubar os direitos de aposentados e pensionistas.
O governo mente em dizer que não tem dinheiro, pois o Rio de Janeiro arrecada muito. Mas o dinheiro já está comprometido com as máfias que comandam este estado e aqueles que bancaram as campanhas eleitorais. Assim, enquanto que para o povo o estado está falido, para os empresários os cofres estão abertos e jorrando muito dinheiro, seja indiretamente, oferecendo aos empresários isenções de impostos ao longo dos últimos anos e, diretamente, com o repasse de elevadas somas para as obras das Olimpíadas, por exemplo.
Devemos ter atenção, pois este sistemático e cada vez pior desmonte da educação e saúde públicas é bem oportuno para amanhã o governo estadual querer implementar Organizações Sociais (OS’s) e outras formas de privatização na gestão de escolas e hospitais, entregando setores públicos essenciais na garra do empresariado que só tem compromisso com o lucro fácil às custas do povo. Sabemos que, tanto o governo federal quanto o governo estadual só encaminham propostas antipopulares no que diz respeito ao serviço público e aos direitos dos trabalhadores e trabalhadoras no legislativo e no executivo de ambas esferas.
A greve na educação começou no início de março, dia 2, com a deflagração da paralisação da rede estadual, um mês antes da adesão das demais categorias do serviço público que aconteceu agora em abril. É importante afirmar que a greve unificou as várias redes da educação estadual, desde o ensino básico, passando pelo médio técnico, as FAETECs, chegando até as universidades, como a UERJ, UENF e UEZO. Outro elemento a se considerar é o fato que muitos municípios no estado se encontram em greve também e que instituições como CECIERJ e a FAPERJ se encontram paralisadas pela falta de recursos.
Por fim, saudamos a luta e o inspirador exemplo que a estudantada está dando, ocupando mais de quarenta escolas estaduais e dando uma aula em termos de ação direta, autogestão e democracia direta. Em meio a essas ações de mobilização, os meios de comunicação insistem em tentar silenciar e ignorar, evidenciando mais uma vez que estão contra o povo e a classe trabalhadora.
Queremos reforçar nesse momento a importância da solidariedade, do apoio mútuo e do diálogo entre os distintos sujeitos sociais. A classe trabalhadora, estudantes, movimentos sociais do campo e da cidade devem estar unidos contra os ataques do capital e do Estado, contra os direitos sociais, conquistados com luta. Mais ainda, a importância da solidariedade de classe e o fortalecimento de iniciativas de construção de poder popular dotadas de métodos que garantam a participação direta destes sujeitos na condução das lutas e dos processos de mobilização, multiplicando força social. Por um movimento de estudantes e sindicatos com autonomia política e construídos com as/os de baixo.
Todo o apoio aos servidores e trabalhadores da educação do estado!
Todo apoio à ocupação estudantil de dezenas de escolas públicas!
Lutar, Criar, Poder Popular!
Gilson Moura Henrique Junior
15/04/2016
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